(i)literacias
sexta-feira, outubro 28, 2005
...
As paragens adivinham-se cada vez mais difusas. Espreito para além delas e nada vejo. O vídeo continua no mesmo sítio, empancado na incerteza de uma esperança que nunca mais se confirma. de que serve a uma estrela saber que brilha, se o sol teima em faltar ao encontro?
Gente em forma de ponto de interrogação passeia-se na monotonia dos dias. Entre rumos cada vez mais certos, surge uma avenida paralela sem qualquer indicação geográfica. Por muito que ladrem os cães, a caravana já não volta. Tenho alguma dificuldade em relembrar certos rostos que a compunham, foi mais forte o afã migratório...
A minha paleta de cores resume-se a degradés de cinzento.
Posted by XAyiDe ::
10:03 da manhã ::
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terça-feira, outubro 18, 2005
Pobrete mas alegrete!
Gostava de perceber o fascínio que certas pessoas têm pelas recepções (ou portos de honra, ou beberetes, como quiserem).
- Comer doces e salgadinhos em miniatura (não parece tão mal e podem-se comer muitos sem que os outros notem, ou ainda guardar na carteira, para petiscar mais tarde)
- Comer e beber o que normalmente não temos em casa (lembro-me de uma inauguração na qual tive que estar presente e fugir porque não aguentava o cheiro a farturas regadas com champanhe logo às 11 da matina)
- Ver o que os outros comem (ou escondem na mala, conforme o caso)
Isto acontece independentemente do motivo que leva ao dito cujo beberete: seja uma inauguração, uma palestra, um convívio, um funeral, uma homenagem...ou o início do 6º festival de Cinema Francês...
Os desprevenidos (i,e, aqueles que queriam ver o filme e não faziam a mínima ideia que haveria cocktail no final) ficaram na rua: de repente uma imensão de gente lembrou-se de vir ver um filme europeu ao sempre às moscas Cinema Millenium. Quem se lixa é o mexilhão, que nem sequer tem pachorra para ficar até ao final e disfrutar do filme social da caça ao croquete. Bah
Posted by XAyiDe ::
11:55 da tarde ::
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segunda-feira, outubro 17, 2005
Brainstorming
Seco
Saco
Sacadura
Cabral
Cabra
Universidade
Done
Tédio
Ébrio
Sede
Seda
Veste
Rasga
Pacote
Seis
Sem
Só
Posted by XAyiDe ::
5:23 da tarde ::
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sexta-feira, outubro 14, 2005
Inside Deep Throat
É impressionante como um filme lowbudget rodado em pouco mais de uma semana cujo tema é a impressionante capacidade oral da actriz Linda Lovelace (é impressionante, acreditem!) criou tanto celeuma na américa conservadora dos anos 70. É impressionante como o actor principal é considerado culpado pelo tribunal de uma conduta que nem sequer é tipificada na lei( e após ter ganho uns míseros 250 dólares de caché). É impressionante como a actriz principal se demarca de toda esta confusão, juntando-se às feministas no combate à pornografia.
É um documentário bastante bem-humorado com pormenores de realização que ridicularizam aqueles para quem o Garganta Funda foi traumático, imoral ou um simples filme porco (e que, segundo o próprio realizador, nem sequer é um bom filme). É uma boa imagem da américa desesperada numa caça às bruxas, à qual se junta o medo de alguns que perdura há já 32 anos. Algumas coisas ficam por explicar, mas o essencial aí está. É que o Garganta Funda trouxe a noção de Porno-chic a uma indústria que dava os primeiros passos no showbiz e que acabou por contribuir para algum do desconforto da indústria de Hollywood, amedrontada com a possibilidade da pornografia conquistar o espaço que até agora lhe estava vedado.
Ironicamente a pornografia passou quase exclusivamente para a esfera das vhs (agora DVD)e TV CABO e Hollywoood nunca mais deixou de impregnar os seus filmes com um travo marcadamente sexual, ainda que com o pudor a que já nos habituou...
Posted by XAyiDe ::
11:16 da manhã ::
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terça-feira, outubro 11, 2005
Para ti, uma das pessoas mais importantes da minha vida
Foquei-te numa manhã outonal há uns quantos anos atrás. Os teus olhos azuis mostraram-me perspectivas cheias de luz, numa altura em que demasiadas coisas saíam do meu controlo.Comecei a gostar de ti sem dar por isso, sem perguntar porquê. Pouco tempo depois percorri contigo um corredor de sombras, no qual ainda hoje te refugias. Se os teus olhos me pareceram frios alguma vez, foi apenas porque não consegui dar-lhes a luz que eles necessitavam. Se as tuas palavras me pareceram ácidas alguma vez foi porque o espelho ficou mal colocado entre uma ou outra desilusão. Sei que por vezes gostarias de permanecer como os fungos que se instalaram na lente da tua máquina: entre dois grandes blocos de vidro, com mobilidade suficiente para sobreviver, mas na certeza de que nada mais há para além das discussões côncavas ou convexas.
Às vezes temos que ser, apenas. E outras vezes nem isso.
Deixa que os outros te foquem, para variar. Vais espantar-te com a infinidade de objectivas que trabalharão arduamente para que a fotografia saia quase real.
A minha lente já está viciada. Já não preciso de retificar valores, iris, obturador ou o que quer que seja. Serás sempre tu que apareces nos meus olhos ainda que não o saibas, ou que não o queiras. serás sempre uma das pessoas mais importantes da minha porque me deixaste ser, apenas. Quando nem tu o conseguias...
Posted by XAyiDe ::
2:11 da tarde ::
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segunda-feira, outubro 03, 2005
Espelho Meu
Porque me olhas como se não me reconhecesses? Porque me deixas gravitar neste minúsculo espaço e me acenas por detrás de um vidro duplo, fosco e frio? Porque me deixas ser? Porque não interferes e assistes impávido ao meu envenenamento? A quem pediste emprestado esse olhar desconfiado e triste? A que voz pertence esse soluço? De quem é esse corpo que confronta o espelho e o desfaz em mil pedaços?
Encharco-me em cápsulas tragicamente vitorianas.Estou palidamente serena.
Posted by XAyiDe ::
4:36 da tarde ::
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