(i)literacias
segunda-feira, janeiro 30, 2006
personagens IIO tom ocre da sala contrastava com o preto formal que lhe cobria os ombros e metade das coxas. Bem penteada, pouco pintada, sem medo dos pés de galinha e dos comentários pouco amistosos que os empregados engoliam por puro medo, a directora sentava-se todas as manhãs na ponta da secretária, pontualmente às 9h.
Uma nuvem espessa de fumo decorava o gabinete. Tabaco negro, em maços de 20.Puros, como ela. Fortes, como o seu carácter. O prazer de fumar era tão só o prazer de deixar as marcas do batôn vermelho (a sua única extravagância)em cada cigaro meio fumado que logo apagava (mal) para que o fumo continuasse a passear pela sala...
quarta-feira, janeiro 25, 2006
Personagens IA catraia não devia ter mais do que doze anos. Cabelo em desalinho, pele marcada pela falta de banho e pelas brincadeiras nos becos, a menina sem nome vagueava pelas ruas da cidade. O ar de gozo da menina sem nome incomodava os transeuntes com os quais ela fazia questão de chocar. Ela, indeferente a esses juízos de valor que só os adultos têm a lata de fazer, oferecia flores a quem passava. E depois saltitava à volta do personagem para pedir uma moeda por tão bonito gesto. Por ser pequenita punha-se em bicos de pés e erguia o pescoço até encontrar o olhar de quem passava. Era o seu trabalho.
Dias houve em que as estradas do Norte de África me pareceram infinitas. Dias houve em que o assédio comercial lembrava que por muito que nos faça espécie, o turista é-o em todo o lado e não passa despercebido ainda que a sua tez não o denuncie. Dias houve em que nos sentimos tuaregues europeus vagueando à velocidade que avança a areia do Sahara. A Tunísia dos quatro desertos, das gentes deitadas no chão, das filmagens da guerra das estrelas, dos cinco mandamentos do Corão, das jilabas, das calças de ganda, dos dinares, dos euros, dos espanhóis, dos alemães, dos guias, dos hotéis, dos táxis, do regatear, dos postais que vieram comigo, do cuscus, do cordeiro, da hena, do been there done that, pequenos retalhos captados pelo diâmetro de uma lente que sorri indiferente...
Voltei
quarta-feira, janeiro 11, 2006
?Navegar num mar de reticências
Exclamar sem dizer
Chegar sem estar
Ser sem poder
Querer ter
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terça-feira, janeiro 10, 2006
Ontem não era mais do que um encolher de ombros. Anteontem, um recomeço.Hoje, uma esperança. As intermitências de querer ser e fazer abraçam a angústia do livre arbítrio.
Que serei amanhã?
quarta-feira, janeiro 04, 2006
Afinal também eu sou...very typicalO meu adeus a 2005 foi very typical:
-Casa arrendada na praia
-Ir de véspera
-Levar Bebidas e comida como se não houvesse amanhã
-Deixar o carro no início da povoação
-Chegar a casa e fazer a prospecção
-Ver os santinhos (a saber: N. Sra. de Fátima, a do Sameiro, o Dr Sousa martins - vá-se lá saber o que lá estava a fazer no meio)um futrica não identificado e um retrato
-Ir dar uma volta à beira-mar
-Beber
-Comer
-Beber
-Dar mais uma volta
-Comer
-Outa volta
-beber
-outra volta
-comer
-atestar o frigorífico
-beber
-comer
-Ir para a rua
-Festejar
-Apanhar uma chuvada
-Beber
-Beber
-Beber
-Segurar na testa do rapazinho (indisposição...não bebedeira, note-se!)