(i)literacias
terça-feira, agosto 09, 2005
E a menina, dança?
Este ano resolvi aproveitar a semana de férias para dar dois descalços pezinhos de dança. As (an)danças de palco em palco seguiam ao ritmo dos pés a bater desajeitadamente nos improvisados estrados de madeira, descompassados metrónomos vivos à procura de um maestro.
A suburbanidade latente em cada gesto funk confundia-se com robóticos gestos daqueles cuja técnica e sensibilidade ainda dançam a uma respeitosa distância.
A sublime palma flamenca e o tacão oziano arrancavem gemidos ao leitor de cd´s, pouco habituado a tanta vibração e tanta gente a flamencar sozinha, sem saia, sem tacões, à procura da sensualidade nas palmas da frente.
O tango, concentrado num par de horas e solúvel em vontade que a rosa vermelha surgisse nos lábios como que por magia, recolheu-se no seu palco, envergonhado.
Vira-se o vira e diz que a dança é nossa. E rodopia com o meu par, com o teu e gira, gira, tac, tac, sempre igual, cada vez mais bem rodado. Torna a virar o vira.
Um pé nos Alpes, outro nos Estados Unidos, a mão na China, a outra em África, os olhos perdidos no Mundo, o sorriso na Música.
